À semelhança da iniciativa que levou à beneficiação da Calçadinha em 1978, com o objectivo de tornar a vila mais inclusiva e acessível a todos os cidadãos, a Câmara Municipal de Coruche decidiu promover um projecto de mobilidade urbana que estabeleça uma ligação universal entre a cota ribeirinha e cota alta da vila, melhorando também as condições de travessia da escadaria da Calçadinha através da sua reabilitação.
O projecto de Requalificação da Calçadinha em Coruche abrange a reformulação da rede de circulação pedonal incluindo a criação de um percurso universal, a definição da estratégia de gestão da vegetação nas vertentes Norte e Sul da Calçadinha e a criação de espaços públicos para a fruição da população numa importante zona de charneira que articula a cota ribeirinha com a cota alta da vila.
Considerando as condicionantes associadas à topografia da Calçadinha e das encostas que a confinam, demonstrou-se incompatível a criação de um percurso universal que define um trajecto directo, com distância aceitável, face ao percurso existente. Assim, a escadaria foi reabilitada de modo a proporcionar um maior conforto aos peões através do redimensionamento dos lances de escada e criando zonas de repouso nos patamares ao longo da Calçadinha equipados com mobiliário urbano. Adicionalmente criou-se de um acesso, por intermédio de um elevador e um sistema de passadiços, que define um percurso universal entre a Travessa 25 de Abril e a Estrada da Lamarosa. Em paralelo, a requalificação da Quinta do Lago cria condições para a utilização deste espaço público que é uma memória da antiga quinta onde se construiu o bairro com o mesmo nome. No âmbito do projecto foram reabilitados os elementos pré-existentes – o terreiro, muro que o suporta e a mina de água que descarrega no tanque do patamar inferior – e foi criada uma rede de percursos universais e não universais, que articulam, a Oeste, a escadaria da Calçadinha, a Sul, o novo largo no início da Travessa 25 de Abril e a Nascente, a Rua José Afonso que define a cota superior do conjunto de habitações.
A estratégia de plantação procura repor o equilíbrio do sistema. Assim, são propostas duas zonas de plantação com elencos florísticos diferentes, de acordo com a exposição solar e disponibilidade de água do solo. A vegetação proposta corresponde, na sua maioria, a vegetação autóctone ou característica da região. Dado que a vegetação representa um papel importante na estabilização mecânica dos taludes bem como no controlo da erosão e sustentação dos solos, a intervenção foi especialmente cuidadosa e criteriosa para não afectar o equilíbrio existente. Procurou-se consolidar a vegetação existente que pressupõe a substituição dos exemplares de espécies infestantes e plantação nas zonas que, devido à implantação de estruturas construídas (muros, passadiços, elevador), tenha ficado sem coberto vegetal.
