A proposta para o Jardim da Praça do Império pretende retomar o espírito do projeto original de Cottinelli Telmo e Vasco Lacerda Marques, adaptando o Jardim aos desafios e limitações da atualidade. O projecto inicial é orientado por princípios de uma grande simplicidade, de um forte carácter geométrico e de despojamento ornamental e decorativo. “Um moldura larga e simples e um centro rebaixado” (Cottinelli Telmo, 1939) aberta ao Tejo e definida pelo Mosteiro dos Jerónimos, através dos seus eixos perpendiculares ao monumento.
No que toca ao centro rebaixado, os vestígios dos brasões serão removidos dos relvados que rodeiam a fonte luminosa. O relvado onde estes se inserem é aberto com a remoção da sebe de murta da sua parte inferior, de forma a permitir a sua utilização para estadia. A sua exposição solar privilegiada, a proximidade dos elementos de água e o seu desnível em relação às ruas circundantes dota este espaço de um elevado potencial para a fruição.
As fiadas triplas de alinhamentos de árvores nas laterais, anteriormente removidas, serão repostas. Este arvoredo, de grande importância ao nível da adequação da escala do espaço, procura reforçar o dramatismo do jogo de água da fonte luminosa, protegendo dos ventos a água vaporizada pelos repuxos. O canteiro composto por um relvado com uma sebe talhada de murta, que rodeia a fonte central, deverá ser removido permitindo a aproximação ao elemento de água, de modo a criar uma maior relação com o elemento central do Jardim.
Na moldura, os eixos laterais perpendiculares ao monumento recuperarão a sua importância, estabelecendo a relação entre o Mosteiro dos Jerónimos e o Rio Tejo. No topo Norte do jardim, no limite com o monumento, o caminho central do Jardim é novamente encerrado, devolvendo a primazia à força do eixo Nascente-Poente, enaltecida através da tripla fiada de árvores plantada junto da fonte luminosa.
A rua existente entre o Jardim da Praça do Império e a Av. Brasília receberá um grande passeio pedonal que articula a passagem inferior que estabelece a ligação com o Padrão dos Descobrimentos. Neste espaço, que define o limite do jardim articulando-o com a malha urbana, será plantado um denso juncal, que lhe atribuirá uma natureza orgânica que remete para uma paisagem costeira antiga do local.